quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

18 anos.

Odeio quem escreve sempre querendo dar lições de moral. Moral, esta tal palavrinha que não se desgruda da cívica nas lembranças de colégio. Não acredito em moralidade imposta. Não acredito em leis. Não acredito em ninguém que tenha me dito que o melhor da vida já passou. Se tu não estiveres enfermo, numa cama de hospital, tomado de medicações e aparelhos, não me diga que o melhor já passou. Se tu não estiveres nestas condições, e mesmo assim me disseres isso, é nesta mesma cama que eu vou te imaginar.

As pessoas estão velhas. Muito velhas. Imorais.

Tive a sorte de viver com minha avó até seus oitenta e poucos anos. Ela nasceu pobre, se divertiu com farinha, manteiga e açúcar enquanto outras crianças compravam chocolates nas mercearias. Perdeu o marido muito cedo, com uma filha recém nascida nos braços, e tinha um quartinho nos fundos do pátio da irmã para chamar de lar.

Disse isso tudo para concluir uma única coisa. Destes tantos anos que pude conviver com ela, não lembro de um único sequer em que ela não tenha começado o dia com um sorriso. Com o prazer no rosto pelo simples dividir de uma refeição. Com o carinho que tinha por qualquer ser humano. Ela não tinha tempo para perder. Ela nos deixou cedo, mas não sem antes dizer que a vida tinha valido a pena. Morreu sem envelhecer.

É este o exemplo que eu tenho. Tão forte que provavelmente esteja no meu código genético. Não sou um falso modesto, sou feliz. E ponto. Simples assim. E estou longe de ter tudo o que quero. Tenho o que preciso, e sempre quero mais...

Então não me culpe se me irrito com a tua falta de fome pela vida. Pela raiva que sinto quando te escuto dizendo que “não posso fazer mais nada”, ou “vou ter que me conformar que vai ser sempre assim”. Poxa, f*da-se tu e tuas idéias limitadas sobre o que é ser feliz. De verdade! Agora posso culpar minha genética e dizer: antes dos 80 e poucos anos, não pretendo deixar de ter dezoito.

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